segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Matizes


Se há uma coisa que aprendi é que não existem verdades absolutas em se tratando de vinhos. Estava revendo meus textos antigos, quando ainda publicava este blog no portal da revista Exame, e me deparei com as entrevistas que fiz com Arthur Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Sommeliers de São Paulo (ABS-SP), com o músico e crítico enogastronômico Ed Motta e com Jonathan Nossiter, autor do documentário Mondovino. Três conhecedores, três pontos de vista diferentes. Vou reproduzir aqui alguns trechos do que eles falaram.

Colocar as respostas deles lado a lado gera um resultado curioso: é como um dégradé. Arthur é mais pró-mercado, pró-tecnologia, pró-Parker. É a direita do vinho. Ed Motta já pende para o outro lado. Ele é da turma dos vinhos biodinâmicos. Tem um gosto que foge aos padrões que encontramos nas prateleiras dos supermercados e lojas especializadas. Admite que Parker entende de Bordeaux e Rhône, mas acha que para Borgonha o famoso crítico americano “é uma lástima”. Nossiter é a extrema esquerda – quase xiita. Ataca a globalização do vinho, que torna produtos de países e regiões diferentes muito parecidos. Para ele, Robert Parker e o famoso enólogo-consultor Michel Rolland são os responsáveis por essa padronização nefasta que sufoca os pequenos produtores artesanais.

O diabo é que, ao reler essas opiniões de matizes tão díspares, não consigo deixar de pensar que os três têm lá seu quinhão de razão, por mais paradoxal que isso seja. Sei lá se existe alguém mais certo do que o outro – este blog é naturalmente um espaço de debates e todos podem deixar seus comentários para enriquecer a discussão.

Resolvi resgatar essas entrevistas quando, na última sexta-feira, tomei dois vinhos portugueses com características quase opostas, mas ainda assim ambos excelentes. O Quinta do Vale Dona Maria 2000, um Douro de estilo moderno, com muita fruta, carregado na madeira e 14,5% de álcool. E outro portuga da mesma safra, o Quinta de Cabriz Escolha Virgílio Loureiro, um Dão tradicional, com 13% de álcool, mais acidez, menos fruta e carvalho discreto. E, bem, lá vou eu ficar em cima do muro outra vez, mas preciso dizer que adorei os dois. O Dão ainda era uma criança, atestando que vinhos em estilo tradicional envelhecem mais e freqüentemente melhor. Arrisco dizer que este Virgílio Loureiro chega até 2015 em boa forma e talvez vá ainda mais longe. O Douro estava no auge, prontíssimo para a taça, exibindo uma cor atijolada turva, aromas evoluídos com um toque doce no nariz e muito macio na boca. Se tivesse uma garrafa dessas em casa, não esperaria muito mais para abri-la.

Fico contente de conseguir apreciar os dois. Num dia frio ou com uma comida forte, o Douro iria melhor. Com pratos mais leves, como um pato ou um coelho, o Dão seria perfeito. Da mesma forma, acho ótimo que existam três figuras como o Arthur, o Ed Motta e o Nossiter, com opiniões muitas vezes divergentes – e mesmo assim um ponto em comum: a paixão pelos vinhos. E viva a diversidade. Deixo a palavra com eles.

ARTHUR AZEVEDO

O senhor concorda com as críticas que são feitas ao Robert Parker, de que ele gosta de vinhos concentrados demais, com muita madeira e nenhuma elegância?

Arthur Azevedo: De forma nenhuma. Para desmentir estas críticas basta ler as avaliações que Parker faz dos vinhos de Bordeaux e o seu apreço por vinhos elegantes e complexos. Acredito que criticar o Parker virou moda, mas a maioria das pessoas que adota esta postura não conhece nada de vinho e busca apenas seus 15 minutos de fama. Também o criticam produtores preguiçosos, que nada fazem para melhorar seu produto. Robert Parker é de longe o mais importante crítico de vinho do mundo e o primeiro a mostrar as fragilidades de produtores de muito nome e pouca qualidade. Parker, como qualquer ser humano, pode ter suas preferências pessoais, mas a seriedade de suas críticas e a consistência de suas análises são uma referência segura para os consumidores.

O que acha da crítica de que a tecnologia é responsável por padronizar os vinhos no mundo todo, o que acaba com a diversidade natural de cada região?

Arthur Azevedo: Também discordo frontalmente de quem acha que tecnologia faz mal. De forma geral, a tecnologia ajudou a melhorar significativamente a imensa maioria dos vinhos do mundo. Geralmente, só quem não dispõe de recursos financeiros para comprar tecnologia para sua vinícola é que se coloca contra seu uso. Caso emblemático é o de pequenos produtores que, sem dinheiro para comprar as dispendiosas barricas de carvalho, atacam de forma absurda quem as usa, apoiando-se no argumento surrealista de que as barricas "descaracterizariam o vinho". Pior é que alguns luminares concordam com esta descabida argumentação... Quando o produtor é competente, o uso da tecnologia só reforça o caráter dos vinhos, que podem desta forma expressar de forma cristalina as características e a tipicidade de cada região.

O que o senhor acha de vinhos artesanais?

Arthur Azevedo: Depende do produtor. A imensa maioria é de qualidade duvidosa e só encontra respaldo nos xiitas de plantão. Mas nos dias atuais cada vez menos estes vinhos terão espaço nas adegas dos consumidores mais exigentes e bem informados.

O que o senhor acha da vinicultura orgância? E da biodinâmica?

Arthur Azevedo: É uma questão de fé. Acredito que cuidados viticulturais adequados e uso mínimo de química são extremamente benéficos para a saúde das uvas. Sabe-se que vinhos obtidos de uvas sadias e bem cuidadas têm maior probabilidade de ter boa qualidade. Mas não sou radical nesta questão. Já tive o desprazer de degustar vinhos orgânicos/ biodinâmicos de péssima qualidade. O que me desagrada é ver que muitos produtores usam a biodinâmica como recurso de marketing, sem se preocupar com a qualidade final dos vinhos.

ED MOTTA

É sabido que sua preferência recai sobre a Borgonha, sobre vinhos artesanais e biodinâmicos (vinhos biodinâmicos são aqueles produzidos de forma 100% natural, sem uso de agrotóxicos ou fertilizantes e respeitando os ciclos da natureza). Qual o motivo dessa predileção?

Ed Motta: A Borgonha é o que mais me emociona, tanto branco quanto tinto. São os vinhos mais complexos, ricos de fruta e aromas, que conheço. Minha preferência recai única e exclusivamente sobre a França em geral. Tanto que a única revista de vinho que assino é a Revue Du Vin De France, que fala dos vinhos que realmente me interessam. Francofilia prazeirosamente assumida! Mesmo que eu esteja num país que produz vinho, se tiver um francês top na carta, com certeza vou beber o francês. Ano passado em Milão aconteceu um fato muito engraçado no restaurante Da Berti. Eu estava fazendo uma temporada no club de jazz Blue Note. Quando entrei no restaurante para almoçar, um garçom que ia ao show e me conhecia acabou me apresentando ao dono, que soube do meu interesse por vinhos me convidou para conhecer a adega da família. Era uma coleção de vinhos italianos impressionante. Eu tinha escolhido duas garrafas do Gaja antigas da época do pai, quando o rótulo era amarelo e os norte-americanos ainda não bebiam Gaja. Mas na saída da adega vi uma parede de Clos De Tart do Mommessin todas da década de 60... Não pensei nem um segundo e disse: "o senhor por favor me perdoe mas eu queria esses Borgonhas". Ele me deu umas dez garrafas e não cobrou dizendo que não queria aqueles malditos vinhos! A gastronomia italiana é minha favorita. O paraíso para mim é vinho francês e comida italiana, mas finalizando com queijos franceses.

Você critica muito os vinhos superfrutados e cheios de carvalho -- que você define como "vinhos disneilândia" (adoro isso). Como surgiu essa definição?

Ed Motta: É uma gozação com o gosto gastronômico norte-americano médio, um gosto infantil, de bala, doce, sorvete. Mas isso é febre no mundo todo, na Europa inclusive. Tem produtor da Borgonha mudando o rótulo e o vinho para se parecer com os californianos, australianos etc. Efeitos da Bobalização.

Não há vinhos no estilo muito frutado e com muita madeira que seja bom?

Ed Motta: Se eu estiver num churrasco (como convidado, é claro) e aparecer uma coisa dessas eu acho até suportável. Mas não compro isso com meu dinheiro e não abro com minhas mãos. Agora frutado, eu vou para o vale do Loire, isso é frutado de verdade pra mim. E a fruta da Borgonha ? E da Alsácia ? Essa é fruta que eu gosto.

Qual sua opinião sobre os vinhos argentinos? E chilenos?

Ed Motta: Tem coisa boa. Na Argentina meus favoritos são os malbec top do Achaval Ferrer. Esse tem o frutão, mas é diferente, grande vinho. Do Chile tem o Antyal, Domus Aurea, Pargua. Mas no momento em que vou abrir um vinho para o meu prazer mesmo é sempre França... Borgonha, Loire, Rhône, Jura, Languedoc, Provence, Bordeaux.

Compare Borgonha x Bordeaux

Ed Motta: Os Bordeaux são muito parecidos -- eu gosto, mas não são meus favoritos. Se vou comer um cordeiro, um Bordeaux é das melhores opções, mas talvez prefira um Hermitage ou Cote Rotie. Em Bordeaux os vinhos de Pomerol, St.Emilion e Graves são meus favoritos. Gosto dos Bordeaux que tem alma borguinhone, Trotanoy, Haut-Brion etc. Os Borgonhas têm maior sutileza, nuances, por isso gosto bem mais. Bordeaux eu bebo com prazer, mas nunca compro. Depois da Borgonha na minha preferência vem Loire, Rhône, Alsácia e só depois entra Bordeaux. Mas ainda assim prefiro Bordeaux a qualquer vinho de fora da França.

Qual sua opinião sobre o crítico Robert Parker?

Ed Motta: Eu tenho todos os livros do Robert Parker, as descrições são ótimas principalmente em Bordeaux e Rhône, a praia dele. Na Borgonha é uma lástima, ele não é um grande fã e inclusive tem problemas pessoais na região. Os leitores e repetidores de notas são mais chatos do que o Robert Parker em si. A tabuada me irrita, aquele parêntese do lado dos vinhos com RP ou WS... uma bobagem.

JONATHAN NOSSITER

Michel Rolland é o culpado por essa onda de vinhos padronizados?

Nossiter: Michel Rolland é claramente o líder desse movimento. Pegue um desses vinhos superencorpados de Rolland e me diga: é chileno, argentino, australiano, de que país é? Ninguém consegue distinguir. É tudo igual. Entre os produtores artesanais, há vinhos particulares, que você pode gostar ou não gostar, mas que não têm a pretensão de trazer prazer para todos. São vinhos com defeitos -- e eles não escondem isso. Os vinhos de Rolland tentam sempre esconder defeitos, alcançar um alto nível de perfeição técnica e previsibilidade de produto. Eles estão na lógica de mercado. É outra ambição. O Rolland e seus amigos me acusaram de fazer algo falso e manipulador em Mondovino. Se fosse isso mesmo, eu teria sofrido um processo. Mas nenhum deles me processou -- muitos me ameaçaram, mas ninguém fez. Porque as palavras são deles no filme. O tempo todo [em que a filmagem acompanhou o trabalho de Rolland] o Rolland quis andar no carro dele e fazia visitas de dez minutos a cada vinícola que é sua cliente. Não o vi ficar um segundo no vinhedo. É chocante a arrogância das pessoas que têm muito poder nesse mundo, que estão acostumadas ser tratadas como reis, e como eles estão deformando o conhecimento do vinho do mundo inteiro.

O senhor acha que nenhum vinho feito por Rolland é bom?

Nossiter: O Rolland é um enólogo com conhecimento técnico profundo. É preciso reconhecer isso. Todos os seus vinhos têm nível técnico alto. São vinhos bem feitos, como os filme de Hollywood repletos de efeitos especiais são bem feitos. Nunca vou dizer que você não pode gostar desse tipo de vinho, pelo amor de Deus. Sou pela pluralidade de gostos, de sabores. Mas que alma há por trás? Que intenção humana e cultural está por trás? Porque vinho é sim um produto no mercado, mas também é uma expressão humana e cultural. Então qual a intenção atrás de um filme de Hollywood? Os filmes de Hollywood estão invadindo as telas e a conseqüência disso é que uma produção local, sem os efeitos especiais dos Estados Unidos, não encontra mais espaço no mercado. Porque esse gosto americano está dominando, ficando hegemônico. Com o vinho acontece a mesma coisa, e a cumplicidade de críticos poderosos ajuda. Esse sabor está sendo imitado no mundo inteiro. Esse é um perigo verdadeiro. O que está acontecendo no Brasil, com esses pequenos produtores artesanais, é um milagre. No Uruguai, a situação foi muito promissora há três anos, mas hoje é uma catástrofe. Eles escolheram imitar os padrões argentinos. Alguns vinhos da uva Tannat que antes eram interessante hoje em dia são vinhos argentinos menos bem feitos. Há exceções, mas poucas.

Mas porque é preciso tomar partido? Não é possível gostar dos dois estilos? Os vinhos à Rolland não podem viver ao lado dos artesanais?

Nossiter: A princípio, claro. Mas o problema é que há uma tendência do mundo todo de homogeneização. As grandes vinícolas que seguem um estilo padronizado vão dominar o mercado e impedir que o consumidor brasileiro conheça coisas diferentes. Para chegar num vinho como o de Álvaro Escher as pessoas precisarão de muito esforço. Veja a arrogância de Michell Rolland quando diz que no Brasil só há dois ou três vinhos bons. Alguém que não fala português, não passa tempo aqui, não conhece os produtores locais... isso me deixa bastante zangado.

16 comentários:

Anônimo disse...

concordo e discordo do arthur azevedo e do Ed...mas já o nossiter não dá, né...com esse é difícil de concordar em qualquer coisa. O filme é até bacaninha, claro, vc não pode associar o filme ao autor. O cara firma nessa entrevista que os vinhos feitos eplo M.R são iguais não importando o lugar! o cara tem que trocar de paladar! Numa degustação no ano passado bebi lado a lado vários vinhos da Catherine Verge, 3 do Pomerol e 3 de Mendoza. Todos MUITO DISTINTOS ENTRE SÍ! Comparar um Chateau Le Gay com um Val de Flores por exemplo...completamente distintos, completamente.....

Anônimo disse...

Eu acho interessante todas essas discussões, e realmente cada uma dessas correntes fornece material de reflexão. Mas no mundo mais objetivo e mercadológico, o brasileiro, pelo menos a maioria de nós, não pode se dar ao luxo de ter preferências muito específicas, como por exemplo, tomar apenas vinhos franceses, ou só da Borgonha. Aqui a grande luta que temos de travar é contra o preço dos vinhos. Pagamos aqui, na melhor das hipóteses, o dobro do que se paga na maior parte do mundo. Até mesmos os chilenos e argentinos são mais baratos nos E.U.A do que aqui. Eu se pudesse, certamente diversificaria muito mais os vinhos que tomo regularmente. Entretanto, não dá pra fugir muito dos chilenos, argentinos, portugueses e alguns espanhóis, que são realmente os que chegam mais em conta. Quando se fala sobre vinho no Brasil, está se falando para uma minoria. Uma minoria que pode se dar ao luxo de tomar vinho. E dessa minoria que pode pagar, uma parte menor ainda que efetivamente se interessa pelos vinhos. E por ai vai. Acho que enquanto prevalecerem esses preços absurdos, fica difícil falar em preferências, diversidade, etc. Vejam, por exemplo, os Franceses e Italianos. Claro que há boas exceções, mas no geral eles começam a encantar mesmo acima dos 100 reais. Os tão cultuados vinhos da Borgonha custam aqui, no mínimo, o triplo do que se paga nos EUA e Europa. Não sei se vocês já tiveram a curiosidade de entrar num site de venda de vinhos da Europa ou EUA. Quem ainda não fez, recomendo que não faça!!! Dá raiva!!! Outro dia vi num site um vinho australiano, riesling, que o RP indicava como ótima compra. Pesquisei aqui, e tinha o vinho! Custava, acreditem, 10x mais que nos EUA!!!

Anônimo disse...

Caro Ricardo e visitantes:

aproveitando a deixa das entrevistas e dos temas, indico outra entrevista (exclusiva) realizada com Marco Danielle, criador dos vinhos Tormentas e Minimus Anima (vinhos biodinâmicos e artesanais) publicada no portal OPS! semana passada. Fala-se sobre vinhos de autor, vinhos artesanais, padronização por flying-winemakers e outras coisitas mais.

O link:

http://opensadorselvagem.org/gastronomia/eu-bebo-sim-./ops-entrevista-o-vinhateiro-marco-danielle.html

Luiz Horta disse...

Nossiter é um tolo. Eu preciso saber alemão para gostar de Rieslings? Tem que saber português para conhecer os vinhos brasileiros? Que besteira.

Anônimo disse...

Luiz, diria tolo e cara de pau. já bebeu as perolas que tupiniquins que ele indica? em especial o glorioso caminho de pedra em todos seus varietais, do Peverella ao CS! todos coisas imbebíveis!!!!! e muito elogiadas pelo Nossiter

Anônimo disse...

Nossiter buscou a fama pela polêmica. E para isso atirou em quem faz sucesso. Acho que na verdade ele tem muita inveja do Parker e do Rolland.

Anônimo disse...

Outra coisa Ricardo. Seu blog é muito bom, mas acho seus textos muito longos, cheio de penduricalhos desnecessários. Vivemos no mundo da objetividade, da correira, da informação direta. Pense nisso!

Ricardo Cesar disse...

Astolfo, obrigado pela sugestão. Sei que a maioria dos blogs segue um modelo de textos curtos. Sempre fiz diferente, mas acho que vou partir para uma modalidade mais direta e curta de textos, até porque eu mesmo estou sem tempo para produzir posts maiores, infelizmente. É mais fácil atualizar mais vezes com textos menores. De vez em quando vai escapar uma "pensata" mais longa, não tem jeito, mas vou tentar dosar isso. Obrigado pela sugestão. Abraços

Anônimo disse...

Eu, por outro lado, prefiro os textos longos do Carta de Vinhos, até porque são muito bem escritos. De informações superficiais e de blogs de gente que não sabe escrever e não têm conteúdo a internet já está cheia. Também queria discordar brevemente dos que só atacaram o Nossiter aqui. Eu não sou partidário de tudo o que ele diz (e nem de tudo o que ele indica para beber), porém eu acho que é importante alguém levantar a bandeira contra essa coisa monótona que o mercado de vinhos está ficando. O Nossiter tem razão em um ponto importante: se a gente pegar vinhos em uma faixa de preço média e experimentar às cegas produtos das grandes vinícolas do Chile, Argentina, Austrália, EUA, talvez até Espanha, Portugal etc., na maioria dos casos ninguém será capaz de dizer de que país ou região é cada vinho,porque serão muito parecidos. Claro que ainda há muitos produtos diferentes e típicos, mas a diversidade está diminuindo e um padrão médio duvidoso de vinhos frutados, amadeirados e quase "doces" na boca emergiu nos últimos dez anos com força. O Nossiter alerta para isso, o que é correto a meu ver.

Anônimo disse...

Também discordo (com todo o respeito) quanto ao blog. Acho os textos bem informativos, e da minha parte não gostaria de mudanças neste aspecto. Quanto ao Nossiter eu também acho um cara muito radical em suas opiniões, e não concordo com a maioria delas, mas acho algumas questões levantadas por ele importantes.

Unknown disse...

Na minha opnião, acho que o blog está perfeito. Os textos longos são bem contextualizados, ótimo para quem está dando os primeiros passos neste maravilhoso mundo dos vinhos. Este é, sem dúvida, o grande diferencial do Carta de Vinhos.

Anônimo disse...

Arthur, esta para nascer quem possa identificar paises ou regioes em degustacoes as cegas.

Anônimo disse...

André, se me derem um Barolo médio, um Brunello médio, um Borgonha médio, um Bordeaux médio e um Rhone médio para degustar às cegas, acerto qual é qual se não sempre, pelo menos na maioria das vezes. Como qualquer degustador experiente faria, aliás. Se me derem um argentino, um australiano, um chileno e um californiano médios, vou errar na maioria das vezes. como qualquer um erraria. Porque é tudo igual.

Anônimo disse...

Arthur, um degustador experiente sabe que Australia, Argentina, Chile e California nao "é tudo igual". Um barolo, um brunelo, um borgonha... nao é exatamente as cegas e é muito facil, mesmo assim desconfio de quem diz que acerta, "como qualquer degustador experiente desconfiaria". Se te der 12 Pinots Noirs e pedir pra voce dar a regiao de cada um deles, voce provavelmente nao pega nenhum correto que nao seja chute. Se te disser que sao 3 Pinots medios da Nova Zelandia, 3 Pinots medios do Oregon, 3 Pinots medios da Tasmania e 3 Pinots bons de Burgundy, certeza 100% que voce nao pega os Burgundy. Mesmo sabendo que "os outros sao tudo igual".

Anônimo disse...

André, algumas vezes é bem difícil determinar a origem dos produtos às cegas. Em outras, é bem fácil. Quando vc disse que "esta para nascer quem possa identificar paises ou regioes em degustacoes as cegas", sem dúvida é uma frase errada. Se vc tivesse escrito "está para nascer quem SEMPRE acerta a origem de um vinho em degustações às cegas", aí eu concordaria.

Anônimo disse...

Faço parte de uma pequena confraria de vinhos em São Paulo (47 membros) - "DE VINOS" E queria fazer um pequeno comentário sobre a EXPOVINIS. Adorei esta feira em 2008! Haviam excelentes vinhos e vinhos que ainda necessitam ser muito trabalhados.
Visitei o pequeno estande da bodega argentina Chaves Oliveira Wine Group mas que produz Grandes vinhos. Degustei o vinho Gold reserva Malbec 2006. Fiquei surpreso pois naquele estande achei um vinho excelente. Trata-sede um vinho com rótulo muito bem elaborado e chamativo, teor de alcool de 14%, rolha de boa qualidade. Apresenta uma coloracao vermelho-rosado, intenso, sem
evolucao aparente. No nariz, apos a aeracao,
notas de frutos, frescor, levemente alcoolico, madeira, canela,
baunilha. Boa complexidade. Na boca, o ataque e intenso, apresenta uma
acidez refrescante, desenvolvimento estruturado, taninos maduros, álcool
presente, porém equilibrado, final intensa, aromatica. Trata-se de um
vinho encorpado, com estrutura equilibrada, para ser envelhecido (no mínimo) por mais 12 anos.

Não sei o seu preço. Entretanto, deve valer cada centavo. Eu recomendo pois é um vinho para grandes apreciadores!