segunda-feira, 23 de junho de 2008

Portugal – I


Quem ainda não desistiu de dar uma passada pelo blog já percebeu que outros compromissos me impediram de atualizá-lo por um período muito longo. Pois foi justamente um desses compromissos – certamente o mais prazeroso dos últimos tempos - que agora me obriga a tomar vergonha na cara, espanar a poeira e resgatar o Carta de Vinhos do estado de hibernação em que se encontrava.

Como já está evidente que não terei tempo para escrever textos longos, tentarei uma mudança de estilo: atualizar o blog com maior freqüência, talvez duas ou três vezes por semana, porém me estendendo menos de cada vez. O que, afinal, é a linguagem-padrão dos blogueiros, que vivem na instantaneidade da internet.

Mas vamos ao que interessa. A convite da Dão Sul, um dos maiores grupos vinícolas lusitanos, e da importadora Expand, passei quatro dias em Portugal, cruzando o país para conhecer as principais regiões produtoras de vinho. Enfrentei uma agenda complicadíssima, que me obrigava a comer sem parar a maravilhosa culinária desse país. E dá-lhe leitão da Bairrada, queijo da Serra da Estrela, bacalhau preparado de várias formas, bochecha de porco, alheiras e embutidos típicos, polvo e outros frutos do mar, azeites extra-virgem, e, claro, sobremesas à base de amêndoas e ovos... um sacrifício atrás do outro. Pior: para cada prato sempre havia ao menos um – quando não vários -- rótulos para acompanhar. Um massacre.

Brincadeiras à parte, o fato é que considero Portugal um verdadeiro prodígio enogastronômico. Um país tão pequeno geograficamente e em tamanho da população conseguiu desenvolver uma culinária riquíssima – melhor dizendo, várias culinárias, pois cada recanto tem seus pratos únicos. Com os vinhos, ocorre o mesmo. Visitei a Estremadura, o Dão, a Bairrada, o Alentejo e o Douro (foto acima que tirei a partir da Quinta das Tecedeiras). Essas são as áreas mais conhecidas, mas Portugal tem 34 regiões vinícolas e mais de 500 uvas autóctones, variedades que só existem por lá. Um tesouro enológico de valor ascendente em um mundo cansado de tantos Cabernets e Chardonnays monotonamente parecidos.

A Dão Sul desenvolve um projeto que ao mesmo tempo moderniza e permite que essas peculiaridades de Portugal continuem vivas – e que sejam conhecidas fora das fronteiras lusitanas. O grupo, agressivo e moderno nos negócios, está comprando ou construindo vinícolas em todas as principais áreas produtoras. Em cada local, procura explorar as castas típicas e respeitar o estilo regional, porém adicionando um toque internacional que é marca do enólogo e sócio Carlos Lucas.

Desde o simples e saboroso Cortello, um vinho da Estremadura que é vendido no Brasil por R$ 16, até os top Four C, Encontro 1 e Pedro&Inês, todos acima de R$ 300 a garrafa, é possível notar a mão detalhista e a assinatura de Carlos Lucas. Seus rótulos são exportados para os quatro cantos do globo. Assim a Touriga Nacional, a Baga, a Bical e tantas outras uvas interessantes começam a freqüentar as mesas de outros países europeus, asiáticos, dos EUA e do Brasil. Portugal vai voltando a ser uma potência ultramarina – pelo menos na enogastronomia. Sorte de todo mundo e do mundo todo, que se deixa conquistar com prazer.

No próximo texto: o leitão da Bairrada, o queijo Serra da Estrela e os vinhos certos para acompanhar essas iguarias.

2 comentários:

César Cartegiane disse...

humm vou comprar um garafa de vinho hoje !!fiquei motivado rsrs

Anônimo disse...

maldito seja! nos mate de inveja!